Quando percebi qual era o meu propósito: levar o desenvolvimento pessoal a todas as pessoas, soube que precisava de obter mais conhecimentos, não só para aprofundar aprendizagens como para encontrar o meu caminho dentro de um mundo tão vasto como o do desenvolvimento humano.
Por esta altura, eu já tinha trabalhado em formação e no ensino, já tinha participado em projetos de desenvolvimento e em iniciativas de acção social, mas sentia que faltava algo, que o que estava a fazer não era bem aquilo que queria dar ao mundo.
Nas minhas procuras, descobri o Coaching e a International Coach Federation.
Eu não sabia bem o que era o Coaching – e imagino que tu também possas não saber – nem o que o diferenciava da formação ou da consultoria, mas a definição dada pela International Coach Federation convenceu-me a experimentar e nunca mais parei:
Aquilo que me atraiu no Coaching foi a ideia de que a relação entre o Coach e o Coachee é uma relação de mútuo comprometimento e de verdadeira parceria em vez de ser uma relação de mestre-aprendiz em que um debita conhecimentos e partilha experiências e o outro recebe a informação, processando-a de acordo com aquilo que ouve do que é dito e enquadrando tudo na sua vivência de forma a conseguir que a nova informação faça sentido no seu contexto pessoal.
A verdade é que nós não compreendemos coisas que não conseguimos processar, ou seja, nós não conseguimos encaixar no mundo que conhecemos nem conseguimos criar as nossas próprias analogias pessoais se não for possível ter uma referência comum. Desta forma, é difícil construir e evoluir a partir de um ponto de referência externo a nós mesmos porque é complicado imaginarmos um futuro que fique fora dos nossos limites, fora da nossa zona de conforto e isto impede-nos de assimilar e interiorizar os conhecimentos, de os tornarmos verdadeiramente nossos e verdadeiramente fonte de desenvolvimento pessoal.
Outra das coisas que me interessou no Coaching foi a possibilidade de vermos as pessoas como seres holísticos, ou seja, seres completos que devem ser compreendidos como um todo composto pela soma das suas diversas partes, em vez de nos focarmos apenas num determinado ponto da sua vida ou da sua experiência.
Desta forma, o processo de Coaching permite-nos ter em conta os elementos físicos (características biológicas e inactas), mentais (crenças limitadoras e crenças libertadoras), emocionais (estado anímico expresso a partir de reacções como a alegria ou a tristeza, por exemplo), espirituais (a forma como damos e procuramos o significado das coisas) e sociais (idade, género, nível de escolaridade, extracto social) dos Coachees, sem os quais não é possível promover o desenvolvimento pessoal e profissional. Sem sabermos de onde viemos, como é que podemos saber para onde vamos e como é que vamos lá chegar? Sem sabermos quem somos, como é que podemos melhorar, aperfeiçoarmo-nos, ambicionar a mudança?
Contudo, não se trata de fazermos apoio psicológico nem terapêutico (muito menos medicamentoso) e não se trata de todo um tratamento.
O foco do Coaching é potenciar uma mudança de comportamento com vista à obtenção de um objectivo e não tratar nem diagnosticar problemas ou traumas emocionais, transtornos mentais, etc. Na verdade, para se poder ser Coachee, tem de se estar bem emocionalmente – ainda que se tenha medos e inseguranças e bloqueios. No entanto, é por vezes complicado sabermos se o que nos impede de avançar está ou não relacionado com questões psicológicas mais profundas e é aqui que entra a nossa Sessão zero. Nesta sessão, caso eu verifique que precisas de um tipo de apoio diferente daquele que eu, como Coach, te posso dar, encaminhar-te-ei para os profissionais que te poderão ajudar. Claro que o Coaching pode ser um complemento à psicoterapia, uma vez que quem faz terapia estará mais aberto ao processo de mudança a que o Coaching incita.
Mas o meu fascínio pelo Coaching não se ficou por aqui.
Com a ICF e durante a minha formação em Coaching descobri que não tinha de conhecer muito bem todos os caminhos profissionais e pessoais possíveis de forma a poder ajuda-te, o que foi de facto um bónus extraordinário.
Ao perceber que não teria de partilhar a minha experiência para fazer o meu trabalho – e dessa forma estar limitada a ajudar simplesmente as pessoas com um percurso similar ao meu –descobri verdadeiramente que assim iria conseguir levar verdadeiramente o desenvolvimento pessoal a todas as pessoas. (Convenhamos que não é um problema partilhar a minha experiência, de forma alguma, mas o leque de pessoas a que posso chegar ficou, com este novo conhecimento, de repente tão mais diversificado e amplo.)
Porque no Coaching não se trata de dirigir o processo, nem de te pedir que reproduzas os passos que resultam da experiência de outros que antes de ti fizeram o mesmo caminho que agora queres seguir, muito mesmo se trata de dar conselhos sobre como ir e onde ir considerando apenas condicionantes externas a ti mesmo.
Com o Coaching, é feito um acompanhamento durante o teu percurso para o autoconhecimento dando-te ferramentas para que investigues qual é a tua vocação e o teu propósito. Pelo caminho, o Coaching ajuda-te a desenvolveres competências paralelas que potenciarão as tuas aptidões e talentos para que consigas manter-te orientado para a TUA meta.
Mas não façamos confusão, o Coaching também não tem nada de orientação profissional ou pessoal. No Coaching não se fazem testes (psicotécnicos, psicológicos, cognitivos ou de qualquer outra espécie), não se traçam perfis sobre interesses, motivações ou à procura de se saber quais são as capacidades que tens mais desenvolvidas (ainda que os teus interesses, motivações e capacidades façam parte do processo, eles não são um fim, mas um meio de descoberta), nem se entregam relatórios com um projecto de percurso onde são feitas sugestões de acordo com aquilo que os testes nos dizem ser mais adequado a ti (o caminho é teu e só tu poderás desvendar o teu caminho).
O que não é o Coaching
Assim, sabemos que o Coaching
- não é ensino nem formação: não há partilha de conhecimentos, mas autodescoberta através de ferramentas e técnicas comprovadas.
- não é terapia: não resolve transtornos profundos nem pretende substituir a psicologia ou a psiquiatria, mas ajuda a desfazer crenças e bloqueios.
- não é mentoria: o importante não sou eu nem a minha experiência, és tu e o teu próprio caminho.
- não é consultoria: não existem soluções mágicas depois de analisado o “problema”, mas um trabalho baseado na confiança, sinceridade mútua e empenhamento na busca do autoconhecimento.
- não é orientação vocacional: o teu projecto de futuro não te é dado após fazeres uns testes, tens de ser tu a fazer o percurso de descoberta daqui que te faz feliz.
Em suma, e pegando um pouco nas palavras da Association for Coaching, “O Coaching é um processo de aprendizagem simplificado [devido à ajuda do Coach], de [auto-]reflexão e em forma de diálogo [entre o Coach e o Coachee] que visa melhorar a [auto-]consciencialização [do eu], a [auto-]responsabilização [do Coachee pelo caminho a tomar] e a capacidade de escolha (comportamental e de pensamento) dos indivíduos”.
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(este artigo foi escrito ao abrigo do antigo acordo ortográfico)